Saboaria Natural: conheça os principais métodos de produção de sabonetes
- Franciele Rodrigues
- 23 de out.
- 3 min de leitura
Antes de começar a criar seu sabonete, é essencial entender que existem diferentes formas de praticar a saboaria, e cada método tem suas características, vantagens e aplicações específicas.
A escolha do método ideal depende do seu objetivo cosmético, do tempo de produção, da textura desejada e da finalidade de uso (corporal, facial, íntima, capilar, etc). A seguir, você vai conhecer os principais métodos utilizados na saboaria natural moderna:
Hot Process e Cold Process (saponificação artesanal)
Esses dois métodos são considerados os pilares da saboaria natural tradicional. Ambos envolvem a saponificação, que é a reação química entre um ácido graxo (óleos e manteigas vegetais) e uma base alcalina (hidróxido de sódio – NaOH), resultando em sabão e glicerina natural.
Cold Process (saponificação a frio)
As fases oleosa e alcalina são misturadas em temperatura ambiente.
A reação ocorre naturalmente, sem calor externo.
Preserva melhor as propriedades dos óleos vegetais e extratos.
O sabão precisa de 20 a 30 dias de cura, para completar a neutralização da soda e evaporar o excesso de água.
Características: textura lisa, aparência delicada, toque cremoso e pH alcalino (8–10). É o método mais indicado para sabonetes corporais e terapêuticos.
Hot Process (saponificação a quente)
A mistura é aquecida até a reação se completar totalmente durante o cozimento.
O produto pode ser usado após poucos dias (sem cura longa).
Permite adicionar ativos sensíveis (óleos essenciais, extratos) após a saponificação.
Características: aparência mais rústica e artesanal, espuma densa e excelente rendimento. É ideal para sabões funcionais e medicinais, especialmente quando o tempo é um fator importante.
Ambos os métodos produzem sabonetes 100% naturais, mas por terem pH naturalmente alto, não são indicados para sabonetes faciais ou íntimos, que exigem pH mais próximo ao fisiológico da pele.
Base Glicerinada (Melt & Pour)
O método Melt & Pour é o mais prático e seguro para quem quer começar na saboaria.Nele, utiliza-se uma base vegetal já saponificada, que é derretida e enriquecida com ingredientes naturais como extratos, manteigas, óleos vegetais, argilas e essências.
Vantagens:
Fácil de preparar.
Rápido e acessível: o sabonete fica pronto em poucas horas.
Permite criações artísticas, coloridas e aromáticas.
Desvantagens:
Menos benéfico em relação a propriedades dermatológicas.
Algumas bases podem conter componentes sintéticos, é importante verificar o fornecedor.
Sabonetes Sólidos com Surfactantes Vegetais
Essa é uma abordagem mais moderna da saboaria natural, sem saponificação e sem uso de soda cáustica. O produto é formulado a partir de surfactantes suaves de origem vegetal, como:
Sodium Cocoyl Isethionate (SCI)
Sodium Coco Sulfate (SCS)
Sodium Lauryl Sulfoacetate (SLSA)
Esses sabonetes possuem pH ajustável (entre 5 e 6), o que os torna seguros e equilibrados para peles sensíveis, rosto e áreas íntimas.
Vantagens:
pH fisiológico, suave e compatível com a pele.
Textura cremosa, espuma rica e toque aveludado.
Formulações biodegradáveis e veganas.
Permite incorporar extratos, óleos e óleos essenciais sem afetar a estabilidade.
Ideal para quem quer desenvolver sabões sólidos suaves, sustentáveis e multifuncionais, como faciais, infantis e íntimos.
Sabonetes Líquidos Naturais
Os sabonetes líquidos também podem ser criados por dois caminhos principais, dependendo do tipo de base utilizada.
Surfactantes Vegetais
Assim como nos sabonetes sólidos modernos, os líquidos podem ser formulados com tensoativos suaves como Decyl Glucoside, Coco Betaine e Lauryl Glucoside. Esses ingredientes formam produtos de limpeza suaves, biodegradáveis e com pH controlado entre 4,5 e 6,0.
Vantagens:
Seguros para uso facial, corporal e íntimo.
Possibilidade de incluir ativos hidratantes e calmantes.
Textura cremosa e espuma equilibrada.
Ideal para cosméticos de uso diário e peles delicadas.
Hidróxido de Potássio (KOH)
Esse método é uma variação líquida da saponificação tradicional.No lugar da soda cáustica (NaOH), usa-se hidróxido de potássio (KOH), que produz sabões líquidos saponificados.
Vantagens:
Ideal para sabões corporais e de limpeza ecológica.
Espuma abundante e alto poder de limpeza.
Desvantagens:
pH alcalino (8,5–10), o que limita o uso em peles muito sensíveis.
Processo mais técnico e demorado, exigindo neutralização e diluição precisas.
Ideal para quem busca sabões líquidos artesanais e ecológicos, especialmente para o corpo ou limpeza doméstica natural.
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