Pigmentos minerais para maquiagem natural
- Franciele Rodrigues
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
A busca por alternativas mais saudáveis e sustentáveis na indústria da beleza tem impulsionado o crescimento da maquiagem natural. Entre os elementos essenciais para a formulação desses produtos estão os pigmentos minerais, responsáveis por conferir cor às bases, sombras, batons, blushes e outros itens de maquiagem, sem comprometer a segurança da pele ou do meio ambiente.
Este artigo apresenta uma visão técnica e prática sobre os pigmentos minerais mais utilizados em cosméticos naturais, suas características, aplicações e cuidados no uso.
O que são pigmentos minerais
Pigmentos minerais são substâncias inorgânicas extraídas de minerais naturais, como óxidos metálicos, argilas e micas. Após sua extração, passam por processos de purificação e micronização para garantir estabilidade, segurança e uniformidade nas formulações cosméticas.
Diferentemente dos corantes sintéticos, os pigmentos minerais não são solúveis em água, apresentam alta resistência à luz, ao calor e ao pH, e possuem baixo potencial alergênico. Essas características os tornam ideais para formulações naturais, especialmente em produtos que permanecem por longos períodos na pele.
Vantagens do uso de pigmentos minerais
Alta estabilidade química e térmica
Boa fixação e cobertura
Compatibilidade com diferentes tipos de pele, incluindo sensíveis
Versatilidade na criação de tons personalizados
Menor risco de irritações e alergias
Maior segurança microbiológica em formulações anidras
Tipos de pigmentos minerais mais utilizados
Óxidos de ferro (CI 77491, CI 77492, CI 77499)
São os pigmentos mais utilizados na maquiagem natural. Derivados do ferro, conferem tons terrosos e neutros, sendo ideais para produtos como bases, blushes, sombras e batons.
Óxido vermelho (CI 77491): responsável por tons que variam do cobre ao vinho
Óxido amarelo (CI 77492): utilizado para criar tons ocre, dourados e peles claras
Óxido preto (CI 77499): oferece profundidade, sendo comum em máscaras, delineadores e contornos
Os óxidos de ferro são extremamente estáveis e seguros, com excelente compatibilidade dérmica.
Ultramarinos (CI 77007, CI 77013)
Os pigmentos ultramarinos são utilizados para tons frios, como azul, violeta e verde. São indicados para sombras, corretivos e ajustes de subtom em bases artesanais.
Apesar de estáveis, reagem com ingredientes ácidos, como vitamina C, ácido cítrico ou conservantes acidificantes, o que pode afetar a cor final do produto. Por isso, seu uso requer atenção especial na compatibilidade com o sistema conservante e o pH da formulação.
Dióxido de titânio (CI 77891)
É um pigmento branco com alto poder de opacificação e cobertura. Muito utilizado em protetores solares físicos, corretivos e bases, o dióxido de titânio também contribui com a proteção contra a radiação ultravioleta.
Disponível em diferentes granulometrias, é importante optar pela versão não-nano em formulações artesanais, a fim de evitar absorção pelas camadas mais profundas da pele.
Óxido de zinco (CI 77947)
Outro pigmento branco com propriedades opacificantes e reflexivas da luz UV. Além de sua função como filtro físico, o óxido de zinco também atua como anti-inflamatório, sendo indicado para peles acneicas, sensíveis ou sensibilizadas.
Assim como o dióxido de titânio, recomenda-se utilizar a versão não-nano para maior segurança.
Micas
As micas são minerais naturais compostos principalmente por silicato de alumínio. Sua principal função é conferir brilho e luminosidade a produtos como sombras, iluminadores, glosses e batons. Estão disponíveis em diversas cores, opacidades e tamanhos de partícula.
Um cuidado importante na escolha das micas é certificar-se de que o fornecedor adota práticas de extração ética, já que em algumas regiões do mundo, como a Índia, a mineração de mica envolve trabalho infantil.
Considerações técnicas
Ao trabalhar com pigmentos minerais em cosméticos naturais, é fundamental observar:
A solubilidade: pigmentos não devem ser solúveis em água, pois isso favorece contaminações e instabilidade
A granulometria: partículas muito grandes podem comprometer a textura da formulação; muito finas, se forem nanoparticuladas, exigem avaliação mais rigorosa quanto à segurança
A compatibilidade com o sistema conservante, especialmente no caso dos ultramarinos
A escolha por fornecedores que garantam grau cosmético e documentação técnica completa
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